terça-feira, 12 de abril de 2011

Asas Indomáveis.



Ele acordou no meio do nada, meio confuso, desnorteado. Escutava apenas o barulho de pessoas falando, bem longe dali. Os passos eram barulhentos e causavam eco em sua volta. Ele se perguntou onde estava. Tudo parecia tão longe, como se ele estivesse alheio do mundo. A impressão era exatamente essa, quando sua mente começou a clarear, ele entendeu onde estava. Era uma montanha, rodeada de rochas, um pouco longe da cidade movimentada. Ele havia se isolado lá, mas não para meditar e buscar conforto, e sim, esquecer os problemas, que por sinal, eram muitos.

Ao perceber finalmente o que estava acontecendo, ele simplesmente sentou em uma rocha e começou a observar a cidade de longe. E lá estavam as pessoas, caminhando com pressa, cheias de problemas. A cidade rodeada de energia pesada, energia de cansaço, de desmotivação. Ver aquelas pessoas de longe, era como ver sua cabeça de longe. Todos os seus neurônios andando para lá e para cá de forma completamente confusa, como se estivessem perdidos, em busca de soluções.

Em meio a distrações e reflexões ele finalmente se deu conta que atrás das rochas, longe da cidade, estava o oceano. Lindo e azul. Aberto e distante, rodeado por um céu limpo e estrelado. E agora as coisas pareciam mais claras, esse era o lugar onde ele costumava ficar, antes de se perder em meio de tantos problemas. Esse era ele antes de querer tentar resolver tudo de uma vez. Não o julgo por isso, é uma atitude corajosa, mas não há ser humano que agüente tanta pressão, não importa a força interior da pessoa, chega uma hora em que tudo simplesmente desaba. Agora ele entende o que aconteceu com sua vida. Ele perdeu o controle. Ele antigamente controlava tudo da maneira que podia e quando podia. Era bravo quando necessário, atacava com suas ondas violentamente a areia, mas apenas quando necessário. Assim como o oceano, o emocional dele agia. Ele observava tudo com calma, detalhe por detalhe, para assim entender o que precisa ser resolvido primeiro e como resolver. Ele não deixava os problemas o afogarem, ele os controlava de longe, com a fúria dos mares, a calma intensamente azul de um oceano aberto e a visão ampla de um céu estrelado. Seu lugar não era na cidade no meio dos problemas e confusões, nem nas rochas sem agir. Mas sim, no oceano, onde até mesmo as estrelas do céu podem guiá-lo para o melhor caminho.



Todos nós temos problemas, conflitos internos e dificuldades para conciliar o rumo de nossas vidas. Todos nós queremos resolve-los da melhor maneira possível, ou de preferência, da mais rápida. Mas do que adianta querer algo, se não acreditamos em nós mesmos? De que adianta querer lutar por algo se desistimos no primeiro obstáculo? De que adianta tentar controlar tudo, se sabemos que perderemos o controle? Analise bem o seu jeito de agir, de lidar com esses problemas. Pois cada um tem sua estratégia, seu porto seguro.

Ele sabe que um dia ele terá sua recompensa. Não importa quantos problemas ele venha a ter, não importa quantos obstáculos. Ele sabe que depende apenas dele, nenhum outro fator seja físico ou espiritual pode impedi-lo de conseguir o que quer, nem que seja por um dia, ou uma hora. Ele sabe que um dia aquele céu azul e aquelas nuvens prateadas serão dele. Um dia ele será livre para ir onde quiser, ele tem certeza disso, ele tem certeza que um dia estará novamente em sintonia com suas fiéis asas indomáveis.


Um comentário:

  1. Lindo o texto. Espero de coração que a gente alcance nossos sonhos quando essa confusão toda acabar.

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