segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Abrindo Caminhos.



Algumas vezes ao voltar para casa eu caminhava de uma maneira automática, como se estivesse em uma rotina, como se aqueles minutos andando sozinho na sombra da noite representassem minha vida, ou pelo menos, uma etapa dela. Não é uma comparação tão insana olhando pelo sentido figurado. O caminho feito geralmente por decidas e curvas mostrava um momento agitado e ao mesmo tempo complicado. A escuridão das nuvens no céu mostrava falta de fé no futuro. As pessoas ao redor estavam sempre distantes e com olhar cansado. Minha reação quanto a esses dias em que uma simples caminhada parecia ser um momento torturante geralmente era a mesma, ignorar aquela situação, como se não fosse tão importante. Funcionava por um tempo, porém esses dias se tornaram freqüentes, e obviamente, me bateu certa preocupação. As caminhadas ficavam cada vez mais longas e complicadas. A escuridão ficava cada vez mais sufocante. Eu me sentia completamente sozinho. Foi então que algo me ocorreu.

Em um dia comum, enquanto me preparava para voltar para casa e dava os primeiros passos diante de uma rua escura, senti algo tocando meu ombro direito. Podia jurar que era uma mão, macia e delicada. Olhei para trás e não vi nada alem da lua cheia pairando no céu limpo, demorei segundos para perceber que essa era a primeira vez em muito tempo que eu o via assim, tão limpo e bonito. Ao me recuperar da distração reparei que aos poucos o asfalto outrora complicado e tortuoso era substituído por um belo caminho feito de jardim e pedras. As pessoas que antes vagavam como sombras ao meu redor haviam desaparecido. O céu limpo trazia um brilho nunca antes visto. Dessa vez eu não me sentia sozinho. A impressão que eu tinha a cada passo que eu dava era que alguém me acompanhava como se estivesse me protegendo. Não importa se era ilusão, imaginação ou realidade. Eu não fazia idéia de onde vinha aquela energia, o que importa é que pela primeira vez em muito tempo eu me sentia seguro e confiante para prosseguir em meu destino. Pela primeira vez em muito tempo o céu se abria e uma esperança ressurgia em algum lugar do horizonte.